3-4-3: A marca do Chelsea de Conte

12:55:00 Joi Borge 1 Comentários


Desmembrando o esquema do Chelsea de Conte!

Que a temporada passada para o Chelsea foi um desastre ninguém duvida, PORÉM, a esperança é sempre a última que morre né? Décimo lugar uma temporada depois de ser campeão, time jogando mal mesmo tendo bons jogadores e demissão de Mourinho no meio da temporada, tudo somado a ficar de fora de competições europeias, à vida dos blues foi bem difícil, desceram ladeira abaixo, mas ainda havia um fio de esperança chamado Antonio Conte.

A relação do Chelsea com italianos sempre foi muito boa, Ranieri, Di Matteo, Ancelotti, Vialli e agora Antonio Conte. Mas o ex-treinador da Azzura tinha uma missão nada fácil, era colar os pedaços de um Chelsea desastroso, que mesmo com o doce e gentil Gus Hiddink não vingou tanto quanto precisava. Conte foi chamado por ser estrategista e pensar muito bem nas jogadas, para trazer as terras da rainha o seu tão famoso esquema 3-4-3 que dava certo na Itália.

O começo do Chelsea não foi diretamente nesse esquema, mas foi regular. Apostando no 4-1-4-1 o time disputou 5 partidas, onde ganhou 3, perdeu 1 e empatou a outra. Apesar de ter um ataque que fazia 9 gols, o time tomou 7 mostrando a Conte a primeira falha do Chelsea, a defesa. Os primeiros jogos dos blues foram contra West Ham, Watford, Burnley e Swansea, eles tinham posturas muito parecidas onde os londrinos dominavam a posse de bola do jogo e também comandava o ritmo da partida. Porém os problemas surgiram logo na sequência, o esquema tinha como base Eden Hazard e Diego Costa e suas fragilidades vieram à mostra quando enfrentaram dois adversários de peso na briga do topo da tabela, Arsenal e Liverpool.

Já era esperado que contra times mais fortes e efetivos o esquema de Conte viesse a ter algumas falhas, Liverpool e Arsenal possuíam times que tinha uma experiência atuando da forma que já vinham jogando, conseguindo ser muito superiores e dominantes ao Chelsea de Conte. O ataque era neutralizado e Eden Hazard não conseguia executar sua função, a bola não chegava a Diego Costa que eram peças essenciais do esquema e pra piorar a defesa também era fraca e não agia bem.

A gota d’água veio em um assustador 3x0 aplicado pelo Arsenal, um placar assim contra um rival era inaceitável então em meio ao jogo o italiano mudou para o já conhecido 3-4-3 que começava a dar certo naquele jogo diminuindo o ritmo que era colocado pelos gunners na partida. O esquema fazia a bola chegar mais a frente e dava mais segurança para os defensores. Com isso o novo esquema, 3-4-3, virou a marca dos azuis se Londres nas partidas seguintes.

Desde quando David Luiz veio para o Chelsea preocupava os torcedores, todo mundo sabe que ele não é o típico zagueiro que fica na defesa, ele costuma sair e com isso às vezes deixar um buraco na defesa, em uma linha normal de quatro defensores em que cada um desempenha seu papel cronometrado, o brasileiro era um real problema a ser corrigido. Na sua volta a Londres não foi diferente, ele ainda demorou um bocado para pegar o ritmo e falhou algumas vezes até de fato se encaixar.

Uma defesa antes contestada tornou-se a uma das fortes marcas do novo Chelsea.




O primeiro lugar a sofrer mudanças de Conte foi a defesa, colocando uma linha de 3 defensores o técnico deu chances e posições ao efetivo Azpilicueta e aos contestados Gary Cahill e David Luiz, o que de início assustou os torcedores. Na reserva ainda ficaram os zagueiros Kurt Zouma que voltava de uma grave lesão, John Terry que se lesionou duas vezes até então, além Branislav Ivanovic, antes homem de confiança e até capitão na ausência de Terry e agora banco no esquema de Conte.

David Luiz encontrou seu paraíso no novo esquema, ele jogava entre Azpilicueta e Cahill e com isso poderia sair um pouco mais da defesa como normalmente já fazia mas sem prejudicar o esquema. Com Azpilicueta também podendo ir e voltar, fica a Cahill a função de permanecer e ser o jogador de defesa que fica mais tempo perto de Courtois. Com isso a defesa fica mais fechada e quase sempre está em superioridade em relação aos adversários que ameaçam o seu goleiro.

Os zagueiros, como parte essenciais que são, tem como suas funções conduzirem a bola para ganhar cada vez mais e mais campo, ajudando na armação de jogadas e em vezes chegando até o ataque, com um David Luiz que tem muita habilidade com os pés isso passou a dar muito certo. Azpilicueta, que já levava na mala sua experiência pelas laterais, leva constantemente a bola até o ataque, Cahill também acaba por arriscar alguns passes mais ousados, mas é o que menos faz do trio. Com isso ficou normal que a dupla de volantes Kanté e Matic abrissem espaços para que os zagueiros passassem e também atrais a marcação dos adversários para induzi-los ao erro.

Kanté e Matic vem atuando bem juntos exercendo suas funções cada qual a sua maneira.

Os volantes tem seu papel fundamental como marcadores e o exercem com maestria e muita qualidade, mesmo cada qual com suas maneiras de fazê-lo. Kanté apresenta uma função um pouco diferente daquela que já era conhecida por ele no Leicester campeão da última temporada, ele poderia correr o quanto quisesse para marcar, já no Chelsea ele teve que ficar e ajudar a proteger a defesa, mas isso não inibe totalmente o francês que ainda pode dar seus piques rápidos de marcação.

Com esse 3-4-3 imposto por Antônio Conte, tanto Matic quanto Kanté tem mais controle da bola em jogo, antes era função dos volantes iniciar o jogo e fazer uma seleção das jogadas, ainda mais por causa do grande número de erros sequenciais da zaga, agora eles estão no meio do mar azul do Chelsea e podem seguir a maré criada pelo novo esquema. Os alas que vem logo depois são de grande auxílio para a dupla, ainda mais em passes de longas distâncias, os dois tem muito mais liberdade para ir ao ataque.


Moses e Alonso se encaixam bem em suas funções de atacar sempre pelas laterais do campo.

Os alas de Conte tem uma função muito diferente da imposta em alguns times, o que explica porque o sistema da tão certo no Chelsea e não da em outros times da mesma liga e que possuem até jogadores mais habilidosos em algumas funções. Marcos Alonso e Victor Moses atuam mais desmarcados que os demais e tem como sua função ganhar mais e mais campo para auxiliar quem está na frente, além de atacar sempre e em conjunto. 

Um sempre chega ao final do campo e migra para área, já o outro fica mais dentro do campo para dar a finalização da jogada ou até mesmo acompanha-la, eles variam de quem faz essa função dependendo de como a jogada está sendo desenhada.

Moses praticamente voa dentro de campo, a função de ala caiu-lhe como uma luva e ele está seguro e confiante pelo lado direito do esquema do Chelsea. De forma tática ele atua muito bem quando tem que ser mais veloz que um dos jogadores de defesa adversária ou até mesmo fazer uma ligação para que Diego ou outro jogador balance as redes adversárias. Alonso as vezes não corresponder tão taticamente como Moses, mas ele vem evoluindo de forma gradativa e se encaixando também no esquema defensivo. Quando é preciso a linha de 3 defensores pode acabar por virar uma de cinco com os dois alas.

Real Madri tem BBC, Barcelona de MSN e o Chelsea de Conte nos apresenta ao PHD.


Se Moses e Alonso cuidam muito bem das laterais, o que Eden Hazard, Diego Costa e o terceiro homem de ataque, que varia entre Pedro e William, estariam então comandados a fazer? A eles fica a função de atacar pelo meio do campo e bagunçar como nunca a defesa daqueles que enfrentam o Chelsea. Eden vem pela esquerda, Pedro (na maioria das vezes) ocupa a direita e Diego é o mais avançado pelo meio. Mas esse não é um esquema totalmente fixo, ele muda de acordo com a jogadas, ainda mais com Hazard usando sua habilidade para dribles e levando as jogadas para mais perto e dando mais perigo.

Diego é aquele atacante que todo mundo conhece e que quase ninguém consegue parar, ainda mais nesse sistema, ele passa de forma avassaladora pelas defesas adversárias e cada vez está mais próximo de fazer muitos gols, não é a toa que ele é um dos artilheiros da Premier League, mesmo tendo ficado fora mais de um jogo não foi ultrapassado por seus adversários. No novo esquema ele é muito favorecido, visto que além de criar para si ou outros também o servem, o que não faz o time jogar por ele, mas com ele.

Pela direita nós temos o contestado Pedro ou William. Aliás ... O time do Chelsea anda cheio de contestados se redimindo, tudo sob as ordens de Conte. Depois de um começo regular de temporada William foi atingido por um problema pessoal bem sério, o falecimento de sua mãe, com isso Pedro assumiu a titularidade e permanece por lá até hoje, dando poucas oportunidades ao brasileiro. O espanhol garimpa cada vez mais dribles, tem uma leitura de jogo muito boa e finaliza sempre que tem oportunidade de fazê-lo de forma eficaz.

Para fechar o trio encontramos Eden Hazard, o belga veio do inferno após estar no paraíso. Eden foi o melhor jogador da temporada do título, a 14/15, mas devido a algumas lesões e atuações pífias ele ficou longe de lembrar o Hazard que encantou na temporada anterior. Querendo se redimir e disposto a estar novamente no topo como melhor jogador da temporada, vem com um novo papel no time que o possibilita a voltar ao seu alto nível.

O craque do time, o camisa 10 do líder do campeonato, Eden Michael Hazard, muito prazer!


Hazard pode de movimentar de uma forma mais leve e dinâmica, rompendo as amarras da última temporada, se tornando um atacante goleador, fazendo jus ao peso da camisa 10 que usa, em muitas vezes no esquema ele fica na frente até mesmo de seu companheiro artilheiro, Diego Costa. O técnico italiano sabe como ninguém que o talento de Eden Hazard não deve ser engaiolado em um lado do campo, deu-lhe asas e Eden vem voando.

Tendo a bola dos pés o belga faz a sua festa de dribles e passes, na grande parte das vezes em uma forma verticalizada de jogar, sempre tendo Diego nas jogadas e também encaixando Alonso ou Pedro em um ataque no espaço vazio. Ele tem a mágica, aparece em todos os lugares como se existisse mais de um Eden, é um problema a ser domado pelos adversários. Sem nenhuma sombra de dúvidas Eden Hazard é o craque do time do Chelsea comandado por Antônio Conte. Ele é a peça fundamental no esquema ofensivo que nem sempre tem a maior posse de bola, a ele dá-se a liberdade para usar toda sua habilidade criativa para atacar, finalizar e servir aos companheiros.

O esquema de Conte é sólido, não tomou gols em vários jogos destacando-se também algumas defesas milagrosas de Thibaut Courtois mas dando créditos a todo um conjunto que joga bem e da certo. Peças como Cesc Fábregas, John Terry e Kurt Zouma são vistas de forma mais retraída e em poucas vezes em um sistema que joga muito bem junto. Uma sequência quase imparável de vitórias só foi terminar contra o rival Tottenham, depois de ter começado após a derrota para o rival Arsenal.

O Chelsea de Conte só acumula três derrotas na temporada para Liverpool, Arsenal e Tottenham, o que de fato preocupa pois são adversários na briga direta pelo título, mesmo tempo vencido os times de Manchester, a diferença é que os adversários não apresentam a mesma consistência dos azuis de Londres, o que tapa alguns buracos nas poucas falhas dos comandados pelo italiano estrategista.

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